Não é possível amar por dois



Sou completamente apaixonada por Sex and The City. O engraçado é que vez ou outra sempre toco no assunto, porque, de certa forma, estou sempre na mesma história. Quando um relacionamento termina, ou quando você simplesmente se decepciona ou apenas precisa de tapas na cara para se lembrar de que você esta apaixonada e não desesperada, todo mundo tem um ritual, uma casa, um lugar para voltar. Eu sempre volto para Carrie Bradshaw. E sim, eu sei que ela é apenas um personagem, mas pra mim, ela representa todas as mulheres, porque, embora tentem me provar o contrário, mulheres viram um clichê quando estão amando.

Carrie é segura, bem sucedida, esta bem sozinha, tem outros casos, vive a realização dos seus sonhos, é pedida em casamento por homens completamente loucos por ela, e ainda sim, quando esta apaixonada, realmente apaixonada, ela enfia os pés pelas mãos, como todas nós, acredito. É como se Candace (a autora do livro que inspirou a série) tivesse tirado um pouquinho da gente para dar vida a Carrie.
Toda mulher sabe que ninguém ama pela metade, que ninguém ama do seu jeito, existe apenas uma maneira de amar. Aquela que quer estar junto, que quer estar perto, que mesmo perto ainda não se contenta, que quer consumir, que quer possuir, que quer jogar fora todas as regras e fórmulas sobre o assunto. Toda mulher sabe que quem ama lembra, apesar de, porque a graça do amor é amar apesar de, é lembrar apesar de, é querer estar junto apesar de.
Mas, a gente inventa desculpas, torce o nariz, joga os sinais para debaixo do tapete. A gente adia o momento de encarar a verdade e dizer adeus, porque dar adeus quando se ama é difícil, é pesado e não cabe na urgência de amar. Neste meio tempo, a gente faz besteira, cobra, perde o controle, perde o orgulho, tudo pra não admitir que a gente perdeu e é necessário seguir em frente, apesar de.
O mais engraçado é que é justamente o amor que faz o caminho parecer menos doloroso, é a certeza de que lá na frente alguém irá nos amar do jeitinho que a gente merece. E é por isso que eu sempre volto pra Carrie. Ela me lembra que não há nada de errado conosco e que o fim nem sempre é culpa de alguém, que nosso único erro é fechar os olhos e se recusar a ver que um relacionamento não se constrói baseado apenas no amor de um. Um não ama por dois. Um ama por um.