"Um dia, perguntei para o psiquiatra: sou bipolar? Ele me disse: de bipolar você não tem nada. Você é sincera e tem sentimentos intensos. E me explicou a origem da palavra sincera, que vem do latim e significa "sem cera". Antigamente, carpinteiros e escultores usavam cera para disfarçar os defeitinhos de esculturas e móveis de madeira. Então, eles lixavam, passavam verniz e tudo ficava aparentemente perfeito e em ordem. O aspecto das peças era magnífico. Com o passar do tempo, do frio, calor e uso, a cera ia se desmanchando e os defeitos iam ganhando vida. Sinceridade é "sem cera", ou seja, sem máscaras, sem retoques, sem querer ser o que não é. Achei bonita a explicação dele. E triste. Dói ser "sem cera"."


(Clarissa Corrêa)

Aquele velho começo

Quando a gente começa a gostar de alguém, um monte de dúvidas pipocam na nossa cabeça. Geralmente a gente demora um pouco pra se tocar quando tá envolvido. É sua mãe que diz que você está desligada, seus amigos comentando que você anda falando em fulano demais, ou você mesmo se pega ouvindo músicas românticas mais do que o comum.
Mas como eu ia dizendo, quando a gente se toca que está gostando de alguém, logo em seguida aparecem os malditos balõezinhos que só servem pra deixar a gente insegura, com a autoestima baixa, e cheia de nóias.
A primeira reação é negar. “Ah, imagina, é só um rolinho.” E o rolinho começa a virar um rolão na sua cabeça quando ele demora mais do que o comum pra te responder.
Tem também outra parte. Quando a gente se toca que tá envolvidinha, começa a se preocupar mais do que o normal com a aparência. Anda com a unha perfeita, quer hidratar o cabelo, comprar roupas novas, emagrecer, melhorar a pele...passa até o fio dental com o maior prazer!
Mas o que temos que lembrar é o seguinte: amor não pode virar neurose. Não podemos exagerar de nenhum lado. Gostar de alguém não te faz um alien paranóico e diferente de todos. Ninguém vai apontar o dedo pra tua testa e gritar: OMG SOMEONE IN LOVE DANGER DANGER DANGER. Mas parece que a gente se sente assim, não é mesmo?
Não pode mudar com o cara. Se arrumar e se cuidar mais é legal, mas não pode virar paranoia. Se você começar a agir que nem um cachorrinho carente sem dono, ficar impaciente, insegura, neurótica, reclamona, você vai virar alguém diferente de quem você é. Teu sweetheart vai começar a te estranhar e com razão. E achar que você é diferente daquela pessoa que ele se apaixonou. (Ou poderia se apaixonar).
Portanto, se você está apaixonada, curta na boa. Segure a mão nas redes sociais e não poste textinho apaixonado e vídeos do Youtube com músicas românticas a toda hora – isso pode assustar. Nem fique entrando no perfil dele 10 x ao dia. Perseguição não faz bem pra ninguém. (ou você esqueceu como é mala sua mãe dando LIKE em tudo que você põe no face? ;P )
Não fique sentada esperando ele ligar, ele entrar, ele comentar e dar like. Quando der aquela vontade de falar com ele, mesmo que você já tenha falado, vá fazer outra coisa. Se coçar o dedo pra postar uma frase linda sobre como o amor é lindo, escreva num caderno. Pule, dance, feche os olhos e invente histórias. Fique tranquila. Vai dar tudo certo. Você merece ter alguém especial. Não é um milagre que está acontecendo justo com você! E principalmente: continue sendo a pessoa magia que você, pois ser a gente mesma, é o nosso único truque pra fazer nascer amor no coração de alguém.

A garota do bar :}

Por um tempo eu tentei convencer o mundo e a mim mesma, que eu era a menina de decote, maquiagem carregada e risada alta na fila do bar. Mas a verdade é que eu nunca fui. Acho incrível essa forma desapegada de dar sequência na vida, as piadas e histórias loucas e vazias. Mas nunca fui a menina do bar, uma pena. Pra ser sincera, eu tenho preguiça das outras pessoas da fila, dos meninos na porta do banheiro, das músicas sem letra, das cantadas baratas. Não conseguiria ser essa menina, embora ache um jeito bem mais simples de encarar o mundo, porque isso tudo me dá sono, mesmo entupida de energético. Porque antes do fim da noite eu já tô sentada, brincando com o canudo do drink, esperando a hora de ir embora. A impressão que eu tenho é que eu tô sempre esperando a hora de ir embora, de qualquer lugar e qualquer pessoa. A menina da fila tá dançando com o terceiro ou quarto cara da noite. Ela é divertida e linda. E eu queria ser assim, só que as pessoas são tão desinteressantes e previsíveis, que eu prefiro o canudo. Levantei e fui ao banheiro, ela tava lá, retocando a maquiagem. Enquanto eu lavava as mãos, ela arrumava o salto e reclamou “Nossa, dói demais, né? Mulher sofre!”. Eu sorri e concordei. Doía mesmo, quem dera fosse só o salto. Olhando nós duas pelo espelho, uma do lado da outra, a diferença era só o modelo do vestido. Mas éramos muito mais diferentes que isso. Ela tinha paciência com os babacas, o barman lerdo, os amigos bêbados, as meninas de nariz em pé. Ela só queria dançar, beber e curtir, porque a vida é complicada. Eu já entrei cansada e preferia o sofá, o copo, o canudo e todas as coisas sem vida daquele lugar, porque as pessoas são complicadas. Antes eu fosse a menina do bar.

Discordando da razão.

Nunca fui de me arriscar e sair pisando em falso, andando onde não tem chão. Mas você parece ser firme e eu quase me jogo, apesar dos pesares. Porque eu te olho e vejo tanta coisa linda, mas vejo principalmente minha possibilidade de felicidade. Alguma coisa me diz que é você e eu não posso ignorar. Minha paz tão perto de mim, como eu posso virar as costas e fingir que nada aconteceu? Eu tô morrendo de medo sim, querendo mil equipamentos de segurança pra poder cair em você, sem dor. Mas não cair em você, isso eu não cogito, não consigo, ia me torturar pra sempre e não faria sentido trocar dor por dor. Toda a minha inquietação, loucura e meus debates comigo mesma se calam quando você me olha assim, pra gente poder se invadir em silêncio, em paz. Não sei de onde vem, mas alguma coisa dentro de mim grita que dessa vez pode ser diferente e meu corpo já se decidiu por mim, decidiu colar no teu. Não pude pensar muito, enquanto eu fazia a milésima lista dos prós e contras e calculava uma ultima vez a probabilidade de dar certo, você já tava em mim e vice-versa. E o bem que você me faz, tá acima de qualquer lista, medo ou probabilidade. Que seja o que Deus quiser e que, da melhor forma possível, seja realmente diferente. Que valha a pena, que valha o risco. É só o que eu espero.

Tem gente que fica e sabe como ficar,sabe como abraçar, como beijar, roçar narizinho, como andar de mãos dadas, como nos tratar. Tem outros que não sabem e quem nem vem, no máximo dão uma passada rápida, mas quando percebem que tem que arriscar pra aprender caem fora.
O mais certo então,seria gostar dos que sabem como ficar, como acompanhar o ritmo que temos...mas não, gosto mesmo é dos que tentam, dos que não sabem mas tentam assim mesmo. Porque pra quem sabe é fácil, é natural, não tem esforço. Mas pra quem não sabe e tenta, requer coragem, requer vontade, e pra mim isso é o que mais conta.
É mais divertido ver o moço tentar ser romântico e arrancar uma risada nossa por ter se atrapalhado todo, do que o moço perfeitamente e impecavelmente romântico. É mais legal saber que o tal não sabe muito bem como funciona essa coisa de conchinha, de trazer flores, de mimar, mas tenta. Do que um que sabe tudo, que traz até café da manhã na cama porque já sabia que você ia gostar, que traz flores porque é assim que os homens tem de fazer.
Sabe porque? Porque quem tenta quer mais, e pra quem quer mais, merece mais, merece o amor que a gente guarda e que inconscientemente a gente só guarda pra quem realmente quer,e quem realmente quer mesmo não sabendo, TENTA.

Entendeu né moça?

"Nada..."

To numa fase dessas que não sei o que dizer, o que fazer e o que escrever, e nem posso dizer se é ruim ou boa, na verdade acho que tem um pouco dos dois. E é difícil pra mim, sou movida a sentimentos e quando não sinto nada é estranho, ou quando não consigo decifrar... Quando você ama... bom é ótimo, você escreve e quer espalhar pra todo mundo o quanto está feliz, fala sobre os detalhes do rosto dele, sobre o coração e toda essa coisa envolvida no amor, é uma infinidade de sentimentos e sensações diferentes, e a mesma coisa acontece quando se está triste, a gente descreve a dor, fala nisso o tempo todo e parece que nunca mais vai conseguir parar de dizer sobre essa dor. Mas daí em um belo dia, você acorda que nem eu, sem saber o que dizer e acha estranho assim como eu achei, porque sempre foi uma moça faladeira, sempre gostou de descrever o que sentia... mas de repente alguma coisa te cala, te segura. Parece que alguém entrou na sua cabeça e está segurando suas ideias e fechando a cortina do coração.

Eu não espero que alguém entenda essa fase minha, apesar de desejar mesmo que alguém chegue e me tire desse tédio, mas entender é difícil. Talvez seja sorte eu estar assim, porque pelo menos não tem nada doendo aqui dentro, mas por outro lado é um azar imenso... sabe, estar sentindo aquelas coisas todas que geralmente a gente sente, acordar ansiosa pra checar os emails, lembrar de algo e chorar, correr pras redes sociais e ver as novas atualizações porque sabe que realmente vai ter algo lá. é... ou talvez seja só aquela fase de espera que dizem, aquela que a gente acha que não existe, aquela que dizem '' aí do nada acontece uma coisa boa '', talvez amanhã aconteça uma coisa boa e eu comece a sentir de novo.
Pode realmente ser que eu tenha motivos pra escrever, motivos de verdade, pode ser que amanhã eu tenha motivos também pra arrumar minha gaveta de coisas antigas pra poder achar algo ali, pode ser mesmo que faça diferença meu celular estar ligado o tempo todo. Pode ser que amanhã eu tenha porque levantar cedo da cama e tirar um dia inteiro só pra me arrumar, e como eu gostaria de ter ...

...Ah como eu queria ter mesmo motivos pra alguma coisa, como eu queria que alguém me tirasse desse tédio!

De menininha a mulher.

Conheci uma garota que não sabia nada da vida, ainda não sabe muito, mas se for comparar com anos atras... bom, ela está bem diferente agora.

Eu sempre á achei feliz demais pra coisas bobas e triste demais pras mesmas coisas bobas, acreditava em tudo e todos, não sabia distinguir os falsos porque realmente acreditava nas pessoas, acreditava em amor ali na esquina, aqueles dos filmes onde a moça esbarra no cara e pronto é amor eterno, amava filmes mamão com açúcar, que a gente já sabe como termina mais mesmo assim assisti. Tinha uma coleção desses filmes. Não sabia se vestir,colocava qualquer coisa e pode se dizer que nem sabia o que era salto. O cabelo sempre do mesmo jeito... era bonita sim, mas um pouco desarrumada. Se achava feia, se atingia por qualquer palavra mais agressiva e por isso aceitava qualquer um que a fizesse sentir um pouco especial. Se envolvia com os piores cafajestes e acreditava em cada palavrinha ''bonitinha'' que eles falavam, dizia pra mim na maior felicidade do mundo que o moço era um príncipe... não sabia muita coisa coitada.
Não sabia que esses caras ''fofinhos'' eram na verdade os piores tipos de homens, que histórias de filmes mamão com açúcar são só histórias como os contos de fadas dos livros. Não sabia que as pessoas falsas parecem pessoas boas a primeira vista, não sabia que aqueles há quem um dia chamou de amigos lhe enfiariam a faca pelas costas, não sabia nadinha... Tive então que ver essa moça chorar por tudo isso, com soluços e tudo, a abracei e disse que um dia isso tudo passaria.
Daí reencontrei com ela esses dias, a moça ainda carregava um sorriso no rosto como antes, ainda se encantava pelo simples... mas tinham que ver, parecia outra mesmo sendo a mesma. Usava um vestido daqueles de fazer inveja com um salto agulha e uma bolsa de mão,e batom nos lábios, parecia outra... tão feminina, tão, tão mulher . E ela me contou que terminou a faculdade e agora morava sozinha, que a vida andava dura, mas que amava o trabalho, me contou de tudo menos de homens. Curiosa em como andava a vida amorosa da moça perguntei - e os namoros, e os choros, e os cafajestes? e as horas manchando travesseiros, e as músicas tristes, aquela ingenuidade que tinha, e a coisa de acreditar em qualquer um?
E ela mais do que satisfeita me respondeu:
- Passou.
"A gente já se conhecia, mas resolveu se conhecer mais a fundo. Logo de começo, tudo já foi desandando e, de repente, já tava cada um pra um lado. E tua vida ia te afastando cada vez mais da minha, mas nunca chegamos a nos perder de vez. Você com a sua nova história e eu por aí, escrevendo a minha."
Até que nossos caminhos resolveram se cruzar novamente e, dessa vez, pra valer. A gente foi se reaproximando até ficar assim, eu encostada no teu peito, você deitado no meu colo, tudo em paz. Mas nada tipo esses casais padrão de comédia romântica, a gente quase se mata e depois cuida um do outro, briga e se enche de carinho. Juntos, sempre juntos. Até que você resolveu relembrar tua velha história e eu odeio, porque detesto não ser a única nos teus pensamentos, não suporto essas partes da tua vida onde eu não era protagonista, outra era dona do meu papel. E me chateia você reviver isso no meio do meu tempo, na minha cena. Me desconcentra e eu esqueço minhas falas, perco meu foco, me perco de nós. Não estraga nossa história. Continua aqui, comigo, pra gente brigar e fazer as pazes, pra só restar mais e mais carinho no fim de tudo, como sempre. Não sai do nosso roteiro, não muda de filme. Não faz o fim da nossa trama ser aqueles sem final feliz, com a mocinha abandonada e injustiçada e todas essas coisas ruins. Não estraga, por favor.

Um estranho no espelho

Rabisquei teu nome no espelho embaçado e fiquei observando-o sumir debaixo do meu nevoeiro particular. E tornava a rabiscar e ver sumir e escrever novamente. Letras garrafais, letras cursivas, garranchos. Te via, te lia e te perdia. Seis, oito, doze vezes. E me perdia suavemente no teu nome descrito ali e na minha alma. Alinhava cada letra na quentura que invadia o espelho, desalinhando a saudade sem cor, subscrita na curva do peito. Como podia tanto passar de anos e você continuar firme, forte e pulsando aqui, do lado de dentro? Eu quis te odiar cada vez que te lia e cada vez que tu sumia, mas não conseguia. Sequer consegui. Tem algo de mágico nas letras do teu nome que rabisco, todo dia, no espelho que – outrora – também te via. E te via carinhosamente. E te desenhava assim, por dentro, aninhava teu nome, como se você estivesse ali - tão presente - tão meu. E cada gota que molhava meu corpo se desfazia na vontade, inteira de te molhar por dentro, com amor, com a saudade que pulsava ali comigo. Naquele espelho, eu te via e te alimentava na verdade que eu sabia, que nunca sairia dali desembaçada. Teve um tempo que tu vinhas e me abraçava e juntos desenhávamos besteiras, rabiscávamos uns corações tortos e riamos entre beijos. Hoje tem só teu nome que, letra por letra, ponho ali, naquela superfície fria e embaçada. E você vem. E você some. E não há mais nada.